domingo, 23 de agosto de 2009

Suspeite das mãos que se dão. Não há entrega que a do vazio, embrulhado ou não em promessas.

Tema dedos entrelaçados, enganam-se. Ao ver-los, tambem desejará ser enganado.
Observe o ridículo de dar-se as mãos. Essa ideia de um núcleo feito de extremos, mas cercado de nada. Aprenda como mesmo quando unidos criamos centros que se isolam ao fingirem aproximar.

Procure, nas mãos dadas, o abraço. Quando não acha-lo, procure o por quê. Ao não sabê-lo pergunte-se pra quê, então, as mãos que se dão. Encontrará apenas a razão da suspeita. Dar mãos é o jeito complicado de não dar nada.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Minhas possibilidades são infinitas, mas o são dentro de um segmento que diminui a cada segundo. Assim, não há nada que eu não possa ser que eu possa ser e vice-versa. Tenho escolhas limitadas pelo acaso, pelo tempo e por suas antecessoras. Por ser homem não posso ser mulher, com dezenove anos não posso ter dez e acordado às três da manhã não posso ter ido dormir às nove da noite. Qualquer outra combinação, não seria eu.


Não poder ter outro primeiro amor é o que me faz poder ter um, pra começo de conversa. A identidade das coisas está no não ser, e o ser é a sobra de tudo que não se é. E é por isso que cada uma das minhas escolhas vale um infinito, que foi o que eu troquei por elas.